terça-feira, 25 de setembro de 2007

O infinito....


O infinito vazio, a distante miragem, o querer tão longe do conseguir, o mar, o universo, o tempo, o amor!! Tantos são os desígnios infinitos, que nenhuma mão abarca tamanho poder!! Porção tão eterna de desideratos, banidos da mente pela sua destreza em iludir o errante ser, que levando-se numa brisa, beija o afecto obsoleto da paixão!

Como seria se o nosso coração contemplasse o infinito, da mesma forma mordaz que a nossa mente o ilude? Se as nossas acções fossem geridas por esse desembargador austero, de paixões vincadas, e personalidade possante de quem administra fielmente o que não lhe pertence? A vida manteria o seu ciclo natural de uso e desuso, escárnio e afeição, desiderato e desilusão, dependência e liberdade, amor e guerra, paixão????? Penso que não! Porque em tantos anos de evolução, a única realidade que paulatinamente fomos interiorizando foi que, só perdendo se dá valor ao que nos faz falta!

Como dizia uma estimada amiga “…Pedro, és uma caixinha de surpresas, quando esperamos já conhecer, lá inventas outra novidade!…”. É bem verdade, porque amar o infinito, é viver no infinito! O ensejo de metamorfose é tão intrínseco quanto o nosso respirar! Não controlamos as ruelas por onde andamos, nem as vilas pelas quais pairamos, sabemos apenas, que o nosso destino está ao dobrar daquela esquina, ou da outra, ou da outra, mas seguimos sempre, na imensidão de ladeiras, calcetadas à nossa passagem!

Também gostava que o meu infinito fosse delicadamente menor… mas na prossecução deste “lifebook”, insurge-me apenas almejar, que no próximo cruzamento, esteja lá aquele sinal, octogonal, bicolor, com um esbranquiçado estrangeirismo patente! Tudo o resto é frívolo!

E terminando digo, parafraseando, o que mais veemente demando - “…encosta-te a mim!”

domingo, 9 de setembro de 2007

Paginas da vida...



Páginas da vida dizemos nós!!! Dias que passam sem ocaso, deambulando entre atribulações mais ou menos inócuas, frases feitas, aliteracias promíscuas, vidinhas regaladas pelos sentimentos escondidos! Fases da vida dizemos nós, enchendo de orgulho um coração dilacerado por tantas batalhas perdidas! Sons profundos que nos recordam velhas tréguas…

Páginas da vida que escrevo, em cada tecla que emerge do meu mundo de (des) ilusões, manchadas por rastos de tinta, escorridos de uma pausa mais prolongada na grafia desajeitada da minha forma de ser, desenhadas por uma pena imensa que sem pudor invade a minha liberdade, açaimando sentimentos, acções, prenúncios de um querer sem poder!

Páginas da vida, e inúmeras outras rasgadas, ceifadas de uma crónica tão veementemente defendida, que nem a realidade a toma por autêntica! Pequenos fragmentos expulsos da obra que me criou, desenvolveu, abraçou, e por fim, desalojou! Levadas pelo vento, ao sabor da corrente invisível desse amor ….

Páginas da vida que reescrevo, imprimindo-as no caderno de viagem, porque tudo quanto alcançamos, não são mais do que pequenos marcos, orientando nossa embarcação numa jornada sem final visível! Pequenos marcos, com a mesma ponderação dos faróis, orientado navios nas encostas acidentadas das nossas recordações.

Vivo porque me amo, e amo quem me adora! Sou feliz com a minha liberdade e por poder partilha-la com quem gosto! E se algum dia, alguma página se deteriorar, ou extraviar, com a mesma pena irei transcrevê-la, tão minuciosa quanto qualquer outra resistente…

Sonho apaixonadamente !?! Mas sonhando coloco os pés na areia, e observando as minhas pegadas, devolvo ao meu ser a passada desviada pelo mar!